Acessibilidade
Desde a fama do quiet quitting, que viralizou no TikTok ao descrever o movimento de fazer nada mais do que o mínimo no trabalho, outros termos relacionados ganharam projeção no mundo do trabalho. É o caso do “coffee badging”, a ideia de bater ponto no escritório e tomar um cafezinho apenas para cumprir as políticas de retorno ao presencial. Ou do “mouse jigglers”, dispositivo que também ficou conhecido na rede social chinesa por burlar os softwares que monitoram a atividade dos profissionais, especialmente no home office.
Cada uma dessas expressões poderia se encaixar no conceito de “fauxductivity”, ou falsificação da produtividade, em que as pessoas fingem estar ocupadas ou produtivas no trabalho sem realmente realizarem tarefas significativas.
A produtividade tem sido um dos principais temas discutidos entre especialistas no universo profissional. CEOs das maiores empresas dos Estados Unidos classificaram a “baixa produtividade” como o maior desafio organizacional do ano, segundo a empresa de software Atlassian.
Leia também
Começa na liderança
E, embora a maioria dos profissionais não esteja exagerando ao avaliar sua produtividade, segundo um relatório da Workhuman, empresa especializada em soluções de gestão de talentos que ouviu 3 mil profissionais, 48% dos gerentes afirmam que a falsa produtividade é um problema em suas equipes.
Mas o desafio parece começar justamente na liderança: quase 40% dos executivos e 37% dos gerentes admitem ter falsificado a produtividade no trabalho, em comparação com 32% dos profissionais não-gerentes. “Os líderes, especialmente, estão em posição de promover uma cultura de trabalho que permita aos funcionários serem humanos e dizer quando estão com dificuldades – em vez de recorrer à produtividade performática”, disse Meisha-ann Martin, diretora sênior de análise e pesquisa de pessoas da Workhuman.
Cultura “always on”
Especialistas sugerem que o fenômeno pode ser parte de uma cultura de trabalho “always on”, em que se espera que os funcionários estejam constantemente disponíveis e conectados, muitas vezes além do horário regular de trabalho. “Os líderes também precisam resistir ao impulso de manter as aparências e, em vez disso, serem abertos sobre quando estão fazendo uma pausa.”
Mais de 50% dos entrevistados afirmam que é esperado que respondam imediatamente a todas as mensagens no Slack ou e-mails. Além disso, 52% disseram que é esperado que sejam flexíveis com seus horários para acomodar reuniões fora do expediente.
Os líderes são os guardiões da cultura organizacional, segundo o relatório. O fato de estarem fingindo produtividade (em níveis maiores que os seus liderados) sugere que essa pressão pode estar vindo de cima para baixo. Isso porque o levantamento mostra que em equipes lideradas por gerentes que simulam produtividade, há uma tendência maior de que esse comportamento se espalhe entre os membros do time.
O caminho para resolver o problema da falsa produtividade passa por engajar os profissionais e promover uma cultura de segurança psicológica que permite aos funcionários admitirem quando estão em um dia ruim, têm compromissos fora do trabalho ou com a família ou apenas precisam de uma pausa.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida