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De olho na economia, uruguaios decidem domingo quem será o próximo presidente

Candidato de centro-esquerda à Presidência do Uruguai, Yamandu Orsi, fala à Reuters em Montevidéu, Uruguai. Foto: Reuters.

No mesmo dia em que mais de 15,6 milhões de eleitoras e eleitores brasileiros participam do segundo turno das eleições municipais, outros 2,7 milhões de eleitores uruguaios depositam seus votos para escolher quem governará o país vizinho.

No domingo (27) será realizada a eleição geral do Uruguai, com a disputa entre os candidatos Álvaro Delgado e Yamandu Orsi – herdeiros políticos do atual presidente Luis Alberto Lacalle Pou e do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica.

De centro-esquerda, Orsi lidera as pesquisas e anunciou que planeja evitar aumentos impopulares de impostos, apesar do déficit público cada vez maior – 64,7% do PIB. Em vez disso, pretende estimular o crescimento econômico.

Em sua primeira entrevista com a imprensa internacional antes da votação de 27 de outubro, Orsi, ex-prefeito regional de 57 anos, minimizou temores de que seu governo tentaria aumentar a arrecadação de impostos elevando taxas sobre os ricos ou sobre as empresas, o que prejudicaria a reputação favorável do país aos investidores.

“Não vejo a necessidade de aumentar os impostos”, disse o candidato da coalizão de esquerda Frente Ampla à Reuters na capital Montevidéu. “O que é necessário é o crescimento e fazer a economia crescer.”

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O crescimento econômico na relativamente rica nação agrícola de 3,4 milhões de pessoas desacelerou no ano passado – o PIB cresceu apenas 0,4% em 2023 –, mas está mais forte este ano. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia deve crescer 3,2% em 2024.

O país tem registrado déficits fiscais regulares, que, segundo analistas, qualquer novo governo precisará resolver. O banco de investimentos J.P. Morgan escreveu em uma nota de outubro que o novo governo precisará levar adiante “reformas estruturais” para evitar que o déficit fiscal aumente.

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O Uruguai no Mercosul

Yamandu Orsi também sinalizou que poderia frear a pressão do atual governo conservador por um acordo de livre comércio com a China, concentrando-se mais em acordos por meio do bloco comercial regional do Mercosul e do gigante vizinho Brasil.

“Devemos sempre trabalhar para estar dentro do limite do que o Mercosul nos permite, sem ir além dele”, disse, referindo-se ao bloco que inclui Argentina, Brasil e outros países próximos. Ele disse que romper com o bloco seria “absurdo” e “irrealista”.

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Orsi acrescentou, entretanto, que a porta sempre estará aberta a investimentos da China, o maior parceiro comercial do Uruguai. “Não vamos esquecer que os chineses têm a proposta do Cinturão e Rota, que é muito útil para nós”, disse, referindo-se à iniciativa da China de conectar a Ásia com a Europa e a África por meio de redes terrestres e marítimas.

O atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, alimentou tensões com outros membros do Mercosul com seus planos de acordos comerciais fora do bloco. Críticos do Mercosul dizem que ele impede o Uruguai de aumentar suas exportações de produtos como carne bovina e soja. Lacalle Pou continua popular, mas a Constituição do Uruguai não permite que líderes concorram à reeleição imediata.

“Colapso econômico”

Nas últimas semanas, a principal discussão nos jornais uruguaios é econômica. Além da escolha presidencial, o país precisa decidir se aprova em plebiscito uma reforma previdenciária para ampliar os direitos à aposentadoria, com custo estimado de US$ 23 bilhões (cerca de R$ 130,8 bilhões). Para o governista e conservador Delgado, a aprovação da proposta levaria ao colapso econômico do país.

O Uruguai poderia se juntar a outros países da América Latina que abandonaram ou reduziram os sistemas de aposentadoria baseados em contas de poupança individuais. A Argentina nacionalizou suas empresas de previdência em 2008, enquanto Chile e Peru permitiram que os poupadores retirassem bilhões de dólares em poupanças de aposentadoria.

Na reta final

Hoje, tanto Delgado quanto Orsi encerraram seus compromissos de campanha com mensagens aos eleitores uruguaios.

Em seu discurso, Orsi disse que não faria promessas e, em vez disso, se concentraria em cinco compromissos, entre eles: a garantia do consenso, a estabilidade econômica e a proteção social. Álvaro Delgado, por sua vez, buscou atrair os indecisos e aqueles que não acreditam na política para somar votos na reta final da campanha. “Não deixe que os outros decidam por você. Cada um de vocês tem que ser o protagonista de sua própria decisão”.

*Com informações de agências de notícias

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