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Por que investidores não estão priorizando a sustentabilidade

Investir em ESG – sigla em inglês que serve para avaliar empresas usando fatores ambientais (Environmental), sociais (Social) e de governança (Governance) – foi uma das frases mais citadas nas apresentações de resultados durante o primeiro semestre do ano.

Mas uma recessão iminente, mercados de ações em queda e a corrida para as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos colocaram esses esforços em sustentabilidade no bloco dos cortes.

O que está acontecendo: o rápido aumento do investimento em fundos ESG parou completamente na era da pandemia, de acordo com a análise da Refinitiv fornecida exclusivamente à CNN. Em setembro, os fundos ESG tiveram sua maior saída de caixa de investidores desde a recessão de março de 2020.

Esses fundos ESG e de investimento responsável viram os ativos sob gestão atingirem um pico acima de US$ 8,5 trilhões no final de 2021. Agora, eles estão abaixo de US$ 7 trilhões, de acordo com novos dados da Refinitiv Lipper fornecidos à CNN.

O mundo ESG tem sido devastado por debates contínuos sobre os méritos do investimento sustentável, o desafio de determinar o que conta como uma empresa que investe em ESG e a evolução das regulamentações globais. Esses ventos contrários, combinados com uma perspectiva econômica sombria, criaram um ambiente pouco atraente para os fundos relacionados a ESG.

Reação de todos os lados: políticos norte-americanos de ambos os lados e líderes empresariais acusaram as empresas de fazer “greenwashing” em suas demonstrações financeiras para parecerem mais ecológicas do que realmente são. Empresas como a gestora de ativos DWS e Goldman Sachs foram acusadas recentemente de usar o rótulo ESG sem merecimento.

Em maio, Elon Musk chamou no Twitter a avaliação ESG de “golpe” depois que a Tesla foi removida do índice S&P ESG, enquanto a Exxon, que tem um longo histórico de causar danos ambientais, permaneceu.

Isso ocorre porque as agências de classificação ESG tendem a classificar as empresas levando em relação outras em seu mesmo setor, de modo que as empresas de petróleo e gás são classificadas separadamente das empresas automotivas.

Eles podem avaliar um perfurador de petróleo muito bem em relação aos seus pares, mas uma empresa de energia renovável pode ter uma classificação ruim em comparação com outras do seu mesmo setor.

Esses resultados contraintuitivos se somaram a um movimento crescente da direita política nos Estados Unidos para se desfazer inteiramente de firmas de gestão de ativos que investem e votam com valores ESG em mente.

Autoridades eleitas nos estados a favor do Partido Republicano se opuseram aos “valores” que alegam que esses fundos promovem, dizendo que não são necessariamente representativos de seus eleitores.

Um grande número de estados liderados por republicanos, pelo menos 20, disseram que removerão empresas focadas em ESG, como a BlackRock, do gerenciamento de ativos em seus planos estaduais de aposentadoria. Até agora, a BlackRock perdeu mais de um bilhão de dólares em compromissos por causa dessas mudanças, de acordo com Robert Jenkins, chefe da Lipper Research, da Refinitiv.

Um debate sobre como regular os fundos ESG também adiciona ao quadro conturbado. A padronização dos critérios ESG reduzirá a confusão dos investidores, dizem os especialistas, mas a luta atual para fazê-lo está, na verdade, tornando as coisas mais confusas.

Mais de 1 mil regulamentações relacionadas a ESG foram emitidas apenas para o setor de investimentos global, de acordo com uma análise da Principles for Responsible Investment, um grupo apoiado pelas Nações Unidas que promove questões ESG.

Mais recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA exigiu que os fundos rotulados como ESG investissem pelo menos 80% dos ativos de acordo com os objetivos ESG declarados dos fundos, o que é um passo na direção certa, de acordo com Jenkins.

Executivos no sinal vermelho: o futuro não parece bom. As empresas americanas estão se preparando para a recessão e reconsiderando sua abordagem, de acordo com uma nova pesquisa da KPMG.

Um terço dos CEOs nos EUA disse que já pausaram ou reconsideraram as iniciativas ESG, enquanto outros 59% dizem que reconsiderarão seus esforços em breve, segundo a pesquisa anual. Mesmo assim, 70% dos entrevistados disseram ter visto programas ESG melhorarem o desempenho financeiro de suas empresas.

O que isso significa: a mudança climática pode custar US$ 2 trilhões por ano até 2100, segundo a Casa Branca, e corporações e governos terão que fazer mudanças drásticas para evitar custos monetários e humanos ainda maiores. Mas os obstáculos enfrentados pelo investimento em ESG mostram que é mais fácil falar do que fazer.

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