A Polícia Federal aponta, no relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a investigação contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) começou após análise no celular de um assessor dele, na investigação dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano passado.
Segundo a PF, após terem sido deferidas as medidas de busca e apreensão, quebra de sigilo telemático e prisão preventiva contra João Paulo de Sousa Cavalcante, por ter financiado, incitado e participado dos ataques aos edifícios-sedes dos Três Poderes em Brasília, elementos foram colhidos que indicavam prática de corrupção.
“Após a análise do celular apreendido em poder de JOÃO PAULO DE SOUSA CAVALCANTE, a Polícia Federal colheu elementos informativos do desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos, prática levada a efeito conjuntamente com o Deputado Federal GUSTAVO GAYER MACHADO DE ARAÚJO”, diz a PF.
“Tais fatos serviram de base à instauração da PET n.º 12.042/DF, na qual foi concedida autorização para a investigação do parlamentar”, relatam os investigadores.
A investigação também diz que o deputado Gustavo Gayer foi o responsável por sugerir a contratação desse assessor e da empresa dele, que posteriormente recebeu verbas de cota parlamentar.
“Gustavo Gayer era quem dava a última palavra [autoria intelectual]. Ora, foi ele quem assinou o ofício oferecendo a assessoria a João Paulo, e, posteriormente, ciente do impedimento que inquinava este último, imprimiu expedientes fraudulentos consistentes na contratação da empresa”, diz a Polícia Federal.
O relatório da investigação também destaca que a empresa “Goiás Online”, cujo objeto seria publicidade e marketing, “na verdade, gerenciava a agenda do deputado federal Gustavo Gayer”, que, segundo a PF, contraria os termos das notas fiscais emitidas, e “confirmaria a conduta criminosa elencada pela Polícia Federal”.
Nesta sexta-feira (25), a PF cumpre 19 mandados de busca contra esse suposto esquema de fraude na cota parlamentar. O deputado é alvo também de busca pessoal.
A CNN procurou a assessoria do deputado e ainda não teve retorno. Nas redes sociais, o parlamentar divulgou um vídeo. Disse: “eu nunca fiz nada de errado. Nunca cometi nenhum crime, mas estou sendo tratado igual um criminoso pela Polícia Federal e pelo Alexandre de Moraes [ministro]”, afirma Gayer. A CNN também tenta contato com João Paulo de Sousa Cavalcante.