Foi insólito. Às 16h30 em ponto, o dólar desabou, a bolsa disparou e os juros futuros desmoronaram. Foi a reação do mercado financeiro à notícia de que Lula passaria por um novo procedimento cirúrgico nesta quinta-feira (12) – dada por Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
O dólar pairava em seu “novo normal”, um pouco acima dos R$ 6, até as 16h30. Dali, foi como se tivesse soado um apito, ordenando o mergulho da moeda americana. Em minutos, ela caiu a R$ 5,92 – queda de 1,50%.
Mais tarde, o dólar fecharia em R$ 5,95; -1,49% abaixo do fechamento de ontem.
Na bolsa, mesmo fenômeno, com o sinal invertido. O Ibovespa operava em 127,8 mil pontos às 16h30. Às 16h40, batia em 130,8 mil. Agudos 2,3% em 10 minutos.
Às 18h, o índice fecharia em alta de 1,06%, aos 129,5 mil pontos.
Os juros futuros, que servem de termômetro para os rumos da Selic horizonte adentro, passaram a cair na casa dos 30 pontos base (-0,30 pp). Um movimento absolutamente fora da curva, que refletiu-se nos títulos públicos IPCA+.
O juro real do título mais popular desse grupo, aquele com vencimento em 2035, estava em 6,83% logo antes das 16h30.
Quando veio a notícia sobre o novo procedimento, o mercado de títulos entrou em leilão – sinal de movimentação atípica. O título ressurgiu mais tarde na tela do Tesouro Direto com a taxa em 6,72%.
Na terça, (10), o título tinha fechado em 6,89%. Hoje, fechou nos 6,72%. Em termos mais palpáveis: isso significa que, se você tem dinheiro em IPCA+2035, seu saldo subiu 1,7% em um dia. Algo fora da realidade para um título de renda fixa.
Tudo isso serve de evidência empírica sobre o peso da questão fiscal para o mercado. A mera perspectiva de que o governo Lula, pouco afeito à ortodoxia nos gastos públicos, pudesse ser abreviado por uma questão de saúde do Presidente da República bastou para criar alguns minutos de completa anomalia. Uma amostra do quão delicado é o momento em que estamos vivendo na relação entre o Estado e seu credor, o mercado financeiro.
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