A alta do dólar está no centro das discussões do mercado financeiro nas últimas semanas. Em meio a este contexto, enquanto alguns setores da bolsa são afetados pelo avanço da moeda norte-americana, outros podem se beneficiar, como é o caso do agronegócio.
A variação positiva da moeda norte-americana é, em geral, bastante positiva o agronegócio. Isso porque parte das receitas destas empresas é dolarizada, o que faz com que o avanço da divisa estadunidense diante do real possa aumentar a margem de lucro das companhias.
Para aproveitar este cenário, os investidores brasileiros possuem diversas alternativas para investir no agronegócio por meio da bolsa de valores. Pensando nisso, o Suno Notícias conversou com Bruno Ribeiro, assessor na Status Invest Assessoria de Investimentos, e elencou quatro maneiras para explorar o setor.
Fiagros
Uma alternativa relativamente nova para os investidores brasileiros são os Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), disponíveis desde 2021. Esses fundos funcionam de forma semelhante aos fundos imobiliários, mas são voltados para ativos do agronegócio.
Além da possibilidade de receber dividendos, os Fiagros permitem uma exposição ao setor agrícola com uma perspectiva de longo prazo. De acordo com o assessor, essa classe de ativos é ideal para quem busca rendimento recorrente com um toque de diversificação.
“Os Fiagros têm ganhado popularidade como uma excelente opção para diversificação em fundos imobiliários, permitindo exposição ao agronegócio com a possibilidade de receber dividendos”, explica Bruno. Segundo ele, essa modalidade atrai investidores que desejam “ampliar a diversificação de risco no portfólio sem abrir mão de uma renda periódica”.
Ações
Outra maneira mais conhecida pelos investidores para investir no agronegócio é por meio da aquisição de ações de companhias que atuam no setor. Com a recente valorização do dólar, muitas dessas empresas se beneficiam, especialmente aquelas cujas receitas são dolarizadas. Além disso, segundo o especialista, o cenário atual é atrativo para as companhias do segmento.
“As ações de empresas do agronegócio estão atualmente negociadas a múltiplos bastante atrativos, em níveis historicamente baixos em relação à média”, aponta Bruno.
O assessor destacou ainda que, apesar de casos pontuais como o da AgroGalaxy (AGXY3), que entrou em recuperação judicial em setembro, o setor continua sólido. “A recuperação judicial da AgroGalaxy parece ser um caso isolado, mais associado ao varejo agropecuário do que à produção agrícola em si”, destaca ele.
CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
Já para os investidores que buscam alternativas de renda fixa, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) podem ser uma opção. Esses títulos de crédito são lastreados em dívidas do setor agrícola e, por serem isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, podem ter uma rentabilidade líquida interessante.
“Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) oferecem uma alternativa de renda fixa com isenção fiscal para pessoas físicas”, explicou. Ele ressalta que, para quem deseja segurança aliada ao retorno, esses certificados se mostram uma alternativa viável no cenário atual.
ETFs
Por fim, os ETFs (Exchange-Traded Funds) são uma opção prática para investir em um setor específico, como o agronegócio. Eles permitem a compra de várias ações em um único ativo, reduzindo o risco específico de cada empresa.
“Os ETFs de agronegócio oferecem uma maneira simples de acessar o setor”, destaca Ribeiro. Ele acrescenta ainda que, embora esses fundos ainda tenham uma baixa representatividade nas carteiras de investidores pessoa física no Brasil, eles são uma alternativa interessante para quem deseja investir de forma prática e diversificada.
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