O dólar tinha alta frente ao real nesta quarta-feira (30), mas perdia a força exibida no início da sessão, à medida que comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a queda nos rendimentos dos Treasuries ajudavam a reduzir os ganhos da moeda norte-americana após dados fortes dos Estados Unidos.
Às 12h30, o dólar à vista subia 0,21%, a R$ 5,7728 na venda.
No mesmo horário, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, mostrava variação positiva de 0,08%, a 130.846,88 pontos, refletindo ainda a cautela em relação ao pacote fiscal prometido pelo governo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que houve convergência com a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas, e que elas terão “o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido”.
Ele ressaltou, contudo, que o plano passa por análise jurídica e não deu prazo para apresentação. Diante da ausência de detalhes concretos do plano, o mercado continua sem dar o benefício da dúvida ao governo.
De acordo com a equipe da Levante Inside Corp, ainda resta saber o tamanho do pacote a ser enviado e aprovado pelo Congresso Nacional.
Em Wall Street, o sinal positivo prevalecia, com o S&P 500 avançando 0,22%, enquanto os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,2402%, de 4,274% na véspera.
Mais cedo, o dólar chegou a atingir R$ 5,7921 (+0,51), às 10h28, marcando a máxima da sessão. Por trás do movimento de alta estavam novos dados fortes da economia norte-americana, que fizeram operadores reduzirem as apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses.
EUA
O grande dado da manhã veio do relatório da ADP, que mostrou que 233.000 postos de trabalho foram criados no setor privado norte-americano em outubro, ante 159.000 revisados para cima no mês anterior. Economistas consultados pela Reuters projetavam uma desaceleração na abertura de vagas para 114.000.
Um relatório do governo ainda mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu de forma sólida a uma taxa anualizada de 2,8% no terceiro trimestre.
Depois de subir em reação a esses dados, o real passou a reduzir suas perdas devido a fatores externos e domésticos.
Cenário Nacional
O mercado nacional diminuiu sua aversão ao risco depois que Haddad afirmou que houve convergência entre o ministério e a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas, ressaltando que o plano passa por análise jurídica.
Na terça-feira (29), falas do ministro sobre não haver uma data para o anúncio das medidas deixaram investidores receosos, levando o dólar a registrar seu maior valor de fechamento desde 29 de março de 2021.
Haddad disse nesta quarta entender a inquietação do mercado, argumentando que uma semana a mais de discussão no governo não vai prejudicar as propostas, mas “melhorar a qualidade do trabalho”.
“A valorização do dólar perdeu força após as declarações de Haddad reafirmarem o compromisso do governo com o novo arcabouço fiscal”, disse André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
“Embora seja natural esperar por alguma valorização da moeda brasileira oriunda da materialização deste esforço – de cumprir com as metas do arcabouço – tal movimento não deve ser duradouro”, completou.
O dólar atingiu R$ 5,7652 (+0,04) minutos depois de marcar a máxima do dia.
No cenário externo
A moeda brasileira recebia o impulso da desvalorização do dólar ante seus pares fortes, com os rendimentos dos Treasuries reduzindo seus ganhos recentes.
Os rendimentos dos Treasuries caíam na esteira da queda das taxas da dívida do governo britânico, depois que a ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, anunciou seus planos orçamentários ao Parlamento.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,18%, a 104,060.
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*Com informações da Reuters