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O anúncio de Brian Niccol como novo CEO da Starbucks este mês trouxe à tona um debate em torno do modelo de trabalho adotado pelo executivo. Com a exigência do home office, Niccol chamou a atenção por seu contrato de trabalho, que prevê viagens em jatinho particular entre sua casa, em Newport, na Califórnia, e a sede da empresa, em Seattle, Washington. Entre as duas cidades, são quase 1,6 mil quilômetros de distância. De avião particular, a viagem dura cerca de 3 horas e de carro, 18 horas. Para além da discussão sobre o regime de trabalho, a empresa foi criticada nas redes sociais pela falta de compromisso com a sustentabilidade.
A notícia do regime de trabalho do CEO, que foi recebida como novidade para muitos na internet, reflete uma realidade já presente em empresas globais: a operação distribuída. “A solicitação de Niccol reforça essa tendência e mostra que líderes fortes sabem gerir a distância, sem se apegarem ao controle visual para garantir que o trabalho está acontecendo”, diz Sylvia Hartmann, especialista em modelos de trabalho. Além de Brian Niccol, os novos CEOs Hillary Super, da Victoria’s Secret, e Kelly Ortberg, da Boeing, também lideram as empresas à distância.
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Com clientes em mais de 80 mercados ao redor do mundo, a Starbucks atua com uma rede global de negócios acostumada a trabalhar com a maioria dos profissionais fora do escritório de Seattle. “Seria uma miopia acreditar que a presença do CEO na sede teria uma influência significativa na cultura da rede nas lojas ao redor do mundo”, afirma a especialista.
No início de 2023, sob a liderança de Howard Schultz, a Starbucks adotou o modelo híbrido, com três dias obrigatórios de trabalho presencial para todos os funcionários. Não ficou claro se o novo CEO deverá seguir a mesma regra. “O ideal seria que todos os profissionais corporativos da Starbucks tivessem acesso a políticas de flexibilidade, não apenas Brian Niccol”, diz Sylvia Hartmann. O executivo substitui Laxman Narasimhan no cargo e deve assumir a Starbucks em 9 de setembro.
Com a política de trabalho híbrido ainda vigente, um novo escritório da Starbucks será instalado na Califórnia pensando em Niccol. A presença física no trabalho, porém, não é garantia de melhoria na cultura organizacional, colaboração ou comunicação. “Aprender a trabalhar à distância é o que realmente melhora essas áreas.”
“Brian Niccol se provou um dos líderes mais eficazes e transformacionais em nossa indústria e é o executivo que a Starbucks precisa para nos impulsionar. Seu histórico mostra sua habilidade em fomentar conexões, promover uma cultura forte e entregar resultados”, afirma porta-voz da Starbucks em comunicado à Forbes Brasil.
Para Sylvia Hartmann, a confiança depositada no executivo com o trabalho à distância envia uma mensagem importante ao mercado: “É possível gerenciar e tomar decisões estratégicas remotamente, desde que a liderança não seja apenas voltada para comando e controle.”
Após o anúncio da contratação de Brian Niccol, em 13 de agosto, as ações da empresa tiveram o melhor dia desde sua oferta pública inicial em 1992, com um aumento de mais de 20% na abertura do mercado.
Na nova posição, o salário base do CEO é de US$ 1,6 milhão (R$ 8,8 milhões) por ano, com a possibilidade de bônus em dinheiro entre US$ 3,6 milhões (R$ 19,9 milhões) e US$ 7,2 milhões (R$ 39,8 milhões), a depender do desempenho. Ele também será elegível para prêmios anuais de ações no valor de até US$ 23 milhões (R$ 127,21 milhões).
Quem é o novo CEO da Starbucks
Formado em 1996 pela Miami University, Brian Niccol atuava como CEO da rede de restaurantes americana Chipotle desde 2018, além de também ocupar a posição de presidente do conselho da empresa desde 2020. Niccol foi o presidente-executivo da Taco Bell de 2015 a 2018 e atua no conselho de administração no Walmart, varejista mais valiosa do mundo.
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