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Espero que as mineradoras tenham aprendido uma lição, diz Lula sobre novo acordo de Mariana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (25) que espera o aprendizado de uma lição por parte de mineradoras após a tragédia causada pelo rompimento da barragem de Mariana (MG) em 2015. Ele afirmou que seria “infinitamente mais barato” para as empresas envolvidas terem evitado o desastre com medidas de prevenção.

“Eu espero que as empresas mineradoras tenham aprendido uma lição. Ficaria muito mais barato ter evitado o que aconteceu, infinitamente mais barato. Certamente não custaria R$ 20 bilhões evitar a desgraça que aconteceu”, disse.

Um novo acordo sobre as indenizações e ações de reparação foi assinado em evento no Palácio do Planalto nesta sexta-feira. Pelo novo pacto, as empresas responsáveis deverão destinar R$ 32 bilhões para indenizações e demais iniciativas de reparação.

Outros R$ 100 bilhões serão pagos para o poder público para a aplicação em políticas públicas. O cronograma acertado prevê o pagamento de parcelas anuais ao longo de 20 anos. O valor total do pacto será de R$ 170 bilhões.

Lula afirmou que a tragédia ambiental de Mariana foi “irresponsabilidade pura e simples”. A barragem do Fundão, que se rompeu em 2015, era de responsabilidade da Samarco, empresa controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton. O acordoa assinado ainda precisará ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Essa lição que as mineradoras estão tendo de que ficaria muito mais barato ter evitado a desgraça, eu espero que sirva de lição para outras centenas de lixo que as empresas jogam em represas, nem sempre tão bem preparadas ou tão modernas para evitar uma desgraça dessa. É importante que a lição fique desse acordo”, afirmou.

Lula cobrou esclarecimentos sobre os cerca de R$ 38 bilhões já gastos pela Fundação Renova, organização criada para gerir as ações de reparação dos danos do desastre em Mariana. A Fundação era mantida pelas empresas envolvidas na tragédia e, pelo novo acordo, será extinta.

“É importante lembrar que não sabemos o que foi feito com o gasto da Fundação criada para cuidar disso. Esse é dado concreto. Nem o Ministério Público sabe, nem a defensoria sabe, nem os governos dos estados sabem e nem o governo federal sabe”, disse.

No evento, Lula também fez críticas ao atual modelo de gestão da Vale, que foi privatizada ainda em 1997 e, hoje, tem 91,3% de capital privado. “Quero dizer que é muito difícil negociar com uma corporation que a gente não sabe quem é o dono, e tem muita gente dando palpite, e que muitas vezes o dinheiro que poderia ter evitado a desgraça que aconteceu é utilizado para pagar dividendos”, disse.

O chefe do Executivo também destacou que é preciso a apresentação de novos projetos para direcionar os recursos da reparação. Segundo ele, se os entes falharem na aplicação dos repasses resultará em cobrança e insucesso do novo acordo. “É preciso que tenha projeto com cabeça, tronco e membro para que a gente saiba o que vai acontecer a cada ano. Porque agora se não acontecer [a reparação], a culpa é nossa”, disse.

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