A piora das expectativas do cenário fiscal do governo federal levou o mercado a aumentar as apostas de aceleração dos juros pelo Banco Central (BC) para 0,75 ponto, em decisão que será divulgada na próxima quarta-feira (11).
Atualmente, a taxa básica está em 11,25% ao ano.
A deterioração do cenário reflete a apresentação simultânea do pacote de corte de gastos e da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, feita pela equipe econômica no fim de novembro.
Pesquisa da Genial/Quaest publicada na última semana mostrou que 66% dos agentes do mercado enxergam em um aumento de 0,75 ponto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
O relatório de perspectivas para 2025 do Banco Inter também acredita nesse cenário. Os economistas do banco esperam uma alta de 0,75 ponto percentual, o que faria com que a taxa básica de juros encerrasse o ano em 12%.
O banco de investimentos UBS BB aposta no mesmo cenário.
Caso se confirme, será a terceira vez seguida que o colegiado acelera o ritmo de aperto dos juros.
O atual ciclo de alta foi deflagrado pelo BC em setembro, com alta de 0,25 ponto, elevando a taxa a 10,75%.
Em novembro, o ritmo escalou para avanço de 0,5 ponto, trazendo a taxa básica ao atual patamar de 11,25%.
O estresse dos agentes econômicos influencia nas estimativas de inflação, o que por sua vez é observado de perto pelo BC em sua missão de controlar a alta dos preços.
Quando foi sinalizado que um pacote de reajuste deveria ser divulgado após as eleições municipais, o mercado passou a precificar suas expectativas em torno de qualquer ponta sobre o anúncio.
A demora já vinha estressando os agentes econômicos, e com o anúncio insatisfatório, a deterioração piorou.
Além de as propostas terem sido apontadas como insuficientes para estabilizar a dívida pública, a avaliação é de que o governo errou ao anunciar a medida de isenção do IR em paralelo ao pacote de contenção.
O mau humor refletiu na piora dos indicadores do mercado, com a disparada do dólar para patamares acima de R$ 6 pela primeira vez na história.
BC e o fiscal
Em suas cinco reuniões realizadas desde maio, o Copom vem ressaltando em seus comunicados que acompanha de perto os desdobramentos da política fiscal do governo.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, escreveram os diretores no comunicado da reunião do dia 6 de novembro.
*Com informações de João Nakamura