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Na contramão do mercado, gestora Change Global quer dobrar exposição ao Brasil

A gestora Change Global Investment quer dobrar sua exposição às ações brasileiras até o final do ano, enquanto planeja reduzir a sua alocação na China para investir em alguns dos mercados mais descontados no mundo emergente.

A gestora sediada em Washington está aproveitando a liquidação que tornou o valuation das ações brasileiras uma das mais baixas em mercados emergentes, disse Thea Jamison, diretora administrativa da Change Global. Ela quer aumentar a exposição ao país para 15%, dos atuais 7%.

“Estou otimista, não posso deixar de estar com esse tipo de valuation”, disse Jamison em uma entrevista em São Paulo. “Hoje não há nada parecido com o que estamos vendo no Brasil em outros lugares.”

O mercado brasileiro está sob pressão com o questionamento dos investidores sobre o compromisso do governo em controlar um déficit orçamentário crescente. Os ativos do país ficaram atrás de todos os principais pares em 2024, com o real em queda de 21% em relação ao dólar e o índice Ibovespa caindo 10%.

O Ibovespa é negociado a 6,79 vezes os lucros estimados, em comparação com uma proporção de 11,72 para o indicador MSCI de ações de mercados emergentes. O desconto para ações brasileiras atingiu o maior nível em quase 20 anos em janeiro. Ao mesmo tempo, o dividend yield do índice está em 7,45% enquanto as empresas aumentam os pagamentos aos acionistas.

A convergência dos dois indicadores torna o caso do Brasil ainda mais atrativo, disse Jamison, acrescentando que as ações do país são mais atraentes do que as da China.

Ela gosta de exportadores, que se beneficiam de uma moeda mais fraca, como um hedge para companhias mais expostas ao consumo doméstico, como as empresas de atacarejo, varejistas e provedores de serviços de alimentação. A expectativa de que a Alpargatas comece a pagar dividendos até o final do ano também a torna uma ação atraente, ela acrescentou.

O amplo pessimismo entre investidores locais e grandes resgates vistos em todo o setor de fundos como resultado do aumento das taxas de juros amplificaram o pessimismo, disse ela.

Os investidores estrangeiros, que retiraram US$ 5,3 bilhões de ações locais, estão sub-alocados em Brasil conforme o país foi perdendo relevância nos últimos anos — as ações da Argentina, um mercado muito menor, têm aproximadamente o mesmo tamanho no portfólio de Jamison que sua alocação no Brasil.

A dívida do Brasil “vai subir antes de cair”, mas há uma discussão ativa para fornecer medidas para controlá-la, disse Jamison. “Não acho que a situação seja tão ruim quanto se reflete no mercado.”

Em todos os mercados emergentes, Jamison também gosta de valuations na Arábia Saudita e na Argentina.

A gestora está se realocando para longe da China, que atualmente representa 12% de seu portfólio, pois alguns estados dos EUA emitem mandatos para que os gestores de ativos reduzam sua exposição ao país.

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