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Para fugir de turbulência financeira, Boeing recorre a US$ 19 bi de investidores em follow-on

Boeing oferece US$ 19 bi em ações no follow-on. Foto: Bloomberg

A Boeing lançou uma oferta de ações no valor de quase US$ 19 bilhões (aproximadamente R$ 108,2 bilhões) para atender às necessidades de liquidez e evitar um possível rebaixamento da classificação de crédito para “lixo”. A oferta é uma das maiores já realizadas por uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos.

A empresa ofereceu a venda de 90 milhões de ações ordinárias e cerca de US$ 5 bilhões em recibos de ações, de acordo com um comunicado nesta segunda-feira (28).

Por si só, as ações ordinárias totalizam pouco menos de US$ 14 bilhões, com base no preço de fechamento de sexta-feira, de US$ 155,01. Essa seria a maior venda de ações dos EUA desde que o SoftBank Group vendeu parte de sua participação na T-Mobile em 2020, segundo dados da Bloomberg.

Segundo cálculos da Bloomberg, o total da captação de recursos poderia subir para cerca de US$ 21,8 bilhões, coforme lotes suplementares. Desde o começo do ano, as ações da companhia acumulam desvalorização de cerca de 40%, o segundo pior desempenho no Dow Jones Industrial Average.

LEIA MAIS: Como Boeing e Intel perderam o ‘padrão ouro’ e viraram emergência para os EUA

A injeção de recursos na empresa eliminaria uma das tarefas mais urgentes do novo CEO, Robert Kelly Ortberg. Ele está lidando com um balanço patrimonial prejudicado por anos de turbulência e com as consequências de uma greve, agora em sua sétima semana, que prejudica a fabricação do principal produto da empresa, o jato 737 Max. Para manter sua classificação de grau de investimento e financiar a retomada da produção após o término da greve, a Boeing precisa da infusão de capital.

A empresa está a caminho de usar US$ 4 bilhões durante o quarto trimestre, o que elevaria sua saída de caixa livre para cerca de US$ 14 bilhões no ano. E a fabricante de aviões espera continuar gastando dinheiro até o primeiro semestre do próximo ano, à medida que reinicia suas fábricas de aviões, incluindo as linhas de montagem de seu jato 737 Max, sua principal fonte de receita.

Funcionários da Boeing em greve

Na semana passada, os trabalhadores das fábricas da Boeing votaram por rejeitar a proposta de acordo da empresa, que incluía um aumento salarial de 35%, distribuído em quatro anos. A empresa planeja reduzir sua força de trabalho em cerca de 10%, disse Ortberg em um memorando aos funcionários em 11 de outubro.

Funcionários da Boeing em greve. Foto: M. Scott Brauer/Bloomberg

Em 23 de outubro, a empresa recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA para vender até US$ 25 bilhões em ações e dívidas. A Boeing também tem um novo contrato de crédito separado no valor de US$ 10 bilhões, o que garante “acesso adicional de curto prazo à liquidez enquanto se navega um ambiente desafiador”.

Ortberg enfrenta o dilema de simplificar o amplo portfólio da Boeing: tarefa que espera concluir até o final do ano. Entre elas, a empresa está avaliando opções para o futuro de seu problemático programa de cápsulas espaciais Starliner.

LEIA MAIS: Programa de foguetes da Boeing pode ‘ir para o espaço’

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