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US$ 1,3 trilhão/ano: o impacto nos EUA das importações tarifadas por Trump

As novas tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump sobre importações do Canadá, México e China, que passam a valer nesta terça-feira (4), impactam diretamente pelo menos US$ 1,320 trilhão. Esse é o valor total dos produtos dos três países que entraram nos EUA em 2023, segundo um levantamento do InvestNews feito com dados do Censo dos Estados Unidos.

Entre janeiro e novembro de 2024, as importações já somaram US$ 1,245 trilhão, de acordo com os dados mais recentes, com a média mensal dos 11 meses do ano passado indicando alta na comparação com o ritmo registrado um ano antes para México e China, e uma ligeira queda em relação ao Canadá.

Em todos os casos, os EUA costumam registrar déficit na balança comercial (ou seja, eles importam dos parceiros mais do que exportam):

Top 3 maiores parceiros

Os três países escolhidos por Trump para o início da reforma tarifária prometida durante a campanha eleitoral também são os três maiores parceiros comerciais dos americanos.

Um levantamento feito pela Bloomberg mostrou quais são os produtos dos quais os Estados Unidos mais dependem na importação de Canadá, México e China:

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Por isso, o impacto principal e mais imediato da medida deve ser a inflação, principalmente no preço dos alimentos, segundo analistas. A empresa de análises ING fez uma estimativa de quanto custaria o “pior cenário” das tarifas:

  • A análise considerou como base anual a soma das importações dos três países para os Estados Unidos entre o quarto trimestre de 2023 e o terceiro trimestre de 2024 (US$ 930 bilhões);
  • Aplicando 25% de taxa para os produtos saídos do Canadá e do México, e 10% para os produtos chineses, o valor a mais em impostos seria de US$ 275,7 bilhões em um ano;
  • Levando em conta que a renda total disponível (após impostos) dos americanos foi de US$ 22 trilhões no período, os analistas indicam que os impostos a mais representam 1,25% da renda total;
  • Isso equivale a US$ 835 a mais pago por pessoa no ano, ou US$ 3.342, no caso de uma família de quatro pessoas.

O impacto não deve chegar a tanto, já que Trump foi mais leniente com as importações do setor de energia canadense (leia mais abaixo). Mesmo assim, na tarde deste domingo (2), o presidente americano se pronunciou pela primeira vez desde a assinatura das novas ordens, reconhecendo que as medidas “talvez” provocarão “alguma dor”.

“Essa será uma Idade de Ouro para a América! Haverá algum dor? Sim, talvez (e talvez não!)”, afirmou ele em uma publicação na rede social Truth Social.

Veja abaixo as principais perguntas e respostas sobre as novas tarifas de Trump e o impacto que elas devem ter na economia global:

Quais são as tarifas impostas?

No sábado (1º), Trump impos 25% de tarifas sobre todos os produtos importados do México. Para o Canadá, a alíquota de 25% vale para todos os produtos, com exceção dos produtos do setor de energia, como petróleo e gás, já que os EUA são fortemente dependentes desses recursos canadenses.

Para a China, a regra é de 10% em tarifas adicionais. Ou seja, as tarifas que já existiam anteriormente para setores específicos (algumas criadas no primeiro governo Trump e outras, no governo do democrata Joe Biden), continuam valendo.

O que mudou em relação às regras anteriores?

As novas regras vão de encontro ao Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), vigente desde 2020, quando foi assinado pelo próprio Trump, durante seu primeiro mandato, e os chefes de Estado canadense e mexicano. O acordo de livre-comércio isentava os produtos dos parceiros comerciais de tarifas de importação.

Outra medida tomada no sábado foi a revogação de uma regra conhecida como “exceção de tarifas de minimis”, uma lei bipartidária que isentava de tarifas qualquer envio para os Estados Unidos com produtos no valor de até US$ 800 por pessoa e por dia.

Com isso, muitos produtos da China vendidos por grandes varejistas online, como Shein e Temu, também passarão a ser taxados.

Por que Trump tomou essas medidas?

O presidente americano alegou, como justificativa, que Canadá e México não estão fazendo o suficiente para impedir a entrada irregular de imigrantes e drogas em território americano, especificamente o fentanil, um opioide usado para aliviar dor crônica e que se tornou a principal causa de overdose entre jovens americanos de 18 a 45 anos.

No caso da China, o argumento também foi a entrada de fentanil nos EUA.

Trump também acusou o governo mexicano de se aliar a organizações criminosas.

Ele disse ainda que a medida deve incentivar a produção doméstica.

Como os países reagiram?

Na noite de sábado, o Canadá anunciou tarifas retaliatórias de 25% para todos os produtos que importa dos Estados Unidos. Uma parte delas entrará em vigor na terça, e as demais começarão a valer em três semanas — o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o período serviria para que os empresários do Canadá tivessem tempo de achar alternativas.

Trudeau ressaltou que o Canadá responde por apenas 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos, além de 1% das imigrações sem documentação.

Também no sábado, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, rejeitou categoriamente o que chamou de “a calúnia que a Casa Branca está fazendo contra o governo do México de ter alianças com organizações criminosas”. Ela também disse que ordenou que seu alto escalão leve em frente o “plano B” do país, para impor medidas retaliatórias tarifárias e não tarifárias contra os Estados Unidos.

Já a China afirmou, neste domingo, que vai denunciar os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelo que considerou uma “violação grave” das regras internacionais de comércio, e que “tomará medidas de contração correspondentes para defender firmemente seus próprios direitos e interesses”, sem entrar em detalhes.

O que acontece agora?

Analistas já listaram uma série de possíveis efeitos à economia dos quatro países envolvidos, como a inflação de preços diretamente ao consumidor e problemas de logística. As retaliações podem atingir regiões desses países com mais ou menos intensidade (há estados americanos, como Maine, consideravelmente mais dependentes do petróleo canadense do que outras regiões dos EUA).

Há ainda efeitos indiretos, considerando a quantidade de áreas nas quais as populações de ambos os países estão interligadas, como empresas com cadeias de produção nos dois territórios, canadenses que têm propriedades no sul dos EUA, que frequentam durante os meses de inverno, e os milhares de estudantes universitários que são de um país, mas estão matriculados no país vizinho.

Mas governos e empresas de outros países também sofrerão efeitos das novas regras, o que deve afetar inclusive o preço das ações, no caso das empresas listadas em bolsas de valores pelo mundo.

Fabricantes de automóveis que operem fábricas no México ou no Canadá com o objetivo de vender veículos nos Estados Unidos, por exemplo, terão que lidar com possíveis aumentos no preço final.

Empresas de energia verde também podem ser afetadas, ainda mais porque Trump já tomou outras medidas suspendendo incentivos ao setor. E as indústrias farmacêutica, de aço, cobre e alumínio também estão sob escrutínio, pois Trump ameaçou tarifas sobre elas.

Segundo os especialistas, quanto mais tempo a batalha tarifária durar, mais profundos podem ser os efeitos.

A União Europeia e o Brasil já deixaram o alerta: caso virem alvo de tarifas americanas, também vão retaliar.

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